4.1.08

Visita Inesperada


Lembra daquele dia em que você chegou em casa cansado, louco para se livrar dos sapatos, tomar um bom banho e relaxar? Infelizmente, no meio do caminho entre o sonho e a realidade você enxergou um pequeno ser que movimentava suas duas antenas compridas e corria sorrateiramente para baixo de um móvel da sala... É isso mesmo!!! A conhecida, odiada, perseguida e temida periplaneta americana ou barata, para deixar de lado as formalidades. Livrar-se do bicho é uma experiência desagradável e nojenta seja lá qual for o método: desde jatos de inseticida fedorento à prosaica chinelada... Há quem afirme, inclusive, que elas costumam agir em duplas! Mas acreditem, há situações bem piores!
A história que vou lhes contar é de uma senhora de cerca de 70 anos que mora sozinha no décimo andar de um apartamento de classe média alta. Para espantar a solidão, ela costuma sair frequentemente para ir às compras, visitar as amigas, ir à igreja, ao médico, além de fazer caminhadas todos os dias nas primeiras horas da manhã.
Numa tarde de segunda feira ela aproveitou a chegada da faxineira para ir ao supermercado comprar frutas e legumes frescos. Na verdade as compras não passavam de um motivo para ganhar a rua e se sentir viva, ativa e com saúde. O que ela mais queria era aproveitar o lindo dia de sol que estava fazendo.
Quando chegou em casa, por volta das 16:30, foi à cozinha tomar um copo d´água- estava suada, cansada e ansiosa por um banho. Respirou profundamente e decidiu tomar um banho. Abriu a porta do quarto e deparou-se com uma cena surreal: bem em cima de seu guarda roupas branco havia um visitante inesperado - um urubu. Sim! Isso mesmo!!! Aquela ave que povoa os lixões nos arredores das cidades em busca de restos de carne em estado de decomposição. Lá estava ele, imponente, soberano, como se estivesse num pedestal, reinando sobre aquele quarto. O susto a deixou sem ação por alguns segundos. O que fazer?! Pensou ela...
O mais óbvio seria trancar a porta - (imaginem se ele resolve conhecer o apartamento inteiro!) e pedir socorro à faxineira Socorro. Ao tomar conhecimento da invasão, a diarista resolveu assumir a liderança das ações. Pegou uma vassoura e entregou um rodo à patroa. Pronto! Estava formado o pelotão de combate ao invasor. A estratégia de batalha estava traçada: fustigar a ave com as armas, digo, vassoura e rodo, para que ela saísse da forma que entrou - pela grande janela do quarto.
Pé ante pé elas percorreram o corredor que dava acesso ao quarto. Abriram a porta com cuidado. Ao olharem para o guarda roupas uma feliz surpresa: o inimigo havia batido em retirada. Uma guerra ganha com inteligência, sem lutar, no melhor estilo Sun Tzu em seu clássico A Arte da Guerra.
Baixaram a guarda e respiraram aliviadas do susto. Sentadas na cama, passaram a comentar timidamente aquela situação toda... Foi quando perceberam que era cedo demais. Vindo do banheiro, o urubu estava iniciando seu contra ataque! Depois de dar um vôo circular e rasante sobre o quarto, ele voltou a pousar sobre seu território - o guarda roupas. Assustadas, tentaram uma retirada estratégica em busca de reforços. Foi quando a faxineira Socorro, cheia de coragem, soltou um grito de fúria e avançou para cima do bicho de vassoura em riste. Sentindo-se ameaçado, o urubu deu vazão a seu instinto natural, lançando um jato forte de vômito. Socorro jogou-se na cama e, num giro espetacular, conseguiu escapar ilesa da pútrida arma. Mais furiosa ainda - afinal de contas já havia passado a hora dela encerrar a faxina, ela deu uma forte vassourada no urubu que mergulhou janela afora como um raio...
O saldo final do combate foi positivo. Inimigo expulso, ninguém ferido ou machucado. Apenas um odor insuportável de vômito de urubu poluía o ar do quarto. Essa foi a segunda batalha da faxineira - deixar tudo limpo em tempo recorde!
Passado o susto, riram do que acontecera naquela tarde. A senhora, inclusive, comentou que caso ela fosse supersticiosa ficaria preocupada com a presença de um urubu em seu quarto. Mas tudo não passou de um descuido ao deixar a janela escancarada. Daqui para frente, passaria a ter mais cuidado. A faxineira então, despediu-se dizendo que agora ela estaria segura e que poderia dormir tranquila, pois o apartamento estava limpo e livre de invasores. Será mesmo? Um pequeno e aerodinâmico ser de cor marrom, dotado de um par asas e de finas e compridas antenas não parava de se movimentar sob o sofá da sala, provando que elas estavam erradas. A dona da casa não ficaria, certamente, solitária naquela noite...

3 comentários:

Ben disse...

Talvez o mau augúrio significasse que a casa dela era imunda...
Só não entendi o Darth Vader!

flavioemilio disse...

A casa dela era limpa sim senhor!
O que aconteceu foi um pequeno problema no transponder do urubu...
Quanto à figura, acho que ele está mais para um nazista do que para o DV. Quis retratar a figura de um inimigo que está à espreita.

Desabafos & Confissões disse...

(Também pensei como sendo 1 nazista na figura)
Aew, num era limpo não professor, axo q a faxineira escondia muita coisa podre atrás do guarda-roupas qnd a velhinha saía para a rua e embaixo do sofá tmb.
por isso o apartamento da velhinha já estava assim, bem povado por seres "sujos".